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Mostrando postagens com o rótulo homicídio

Execução

Era noite, num dos bairros mais quentes da zona oeste do Rio de Janeiro. O bairro Senador Camará fica muito próximo a Bangu, que sempre registra as maiores altas de temperaturas da cidade mas, não era essa a característica mais marcante desta comunidade, e sim a violência. Estávamos todos em casa: pai, mãe e meus quatro irmãos. Nossa casa era muito simples, alvenaria e laje, sem reboco ou acabamento. A porta principal era de madeira, daquelas utilizadas no interior da casa, porta de cômodos internos. Não tinha fechadura, a porta era trancada por uma corrente que passava por um buraco aberto na madeira da porta e era tancada por um cadeado. O Sol batia direto na casa o dia todo e os três pequenos cômodos viravam um forno, a ponto de meu pai, depois do por do Sol, molhar a laje, na esperança de esfriar um pouco o quarto antes de dormirmos. Ventilador, somente um, que cumpria a missão devido ao fato de dormirmos todos juntos. Ar-condicionado, não sabíamos o que era. Estávamos todos no qui

Covardias

Todos os dias, às dezoito horas, começava o Brasil para Cristo, um culto evangélico que era transmitido por dois imensos e velhos megafones que ficavam nas dependências de um asilo do bairro. Era transmitido por um casal de idosos dos quais nunca soube o nome, mas o marido chamávamos de caseiro. Eles moravam no asilo, mas tinham um pequeno cômodo com uma porta que dava para a rua, ali eles vendiam doces e balas e, todos os dias às dezoito, transmitiam o culto que eles faziam em casa. Uma vez eles nos chamaram para participar, minha mãe e os filhos. Éramos pequenos ainda e pra nós era novidade ouvir a nossa voz no megafone. Cantamos umas canções, lemos a bíblia e tudo durou pouco mais de trinta minutos. O casal adorava crianças. O motivo parece óbvio, não deviam ter muita atenção ali, presos no asilo. Já deviam ter passado de oitenta anos de idade. Andavam e falavam devagar. Quando tinham atenção, contavam todo tipo de história. O asilo ficava ao lado de um terreno que, com o tempo, foi

Recados

Em um período muito complicado de nossa família, tivemos que nos mudar às pressas de onde morávamos. Ficamos pouco mais de um ano nesta casa. A vida estava apenas começando quando começamos a ter problemas com os vizinho e, por causa disso, fazer desafetos. Em um domingo à noite, voltávamos da reunião da igreja, já próximo das dez horas , quando fomos surpreendidos com um buraco na parede. Ladrões roubaram o pouco dinheiro que tínhamos e tudo que poderíamos utilizar como arma, como ferramentas e facas. O recado estava dado, tínhamos que sair. Sem opções, dormimos duas noites na casa de um parente e depois fomos para a casa de amigos que tinham um quarto com banheiro desocupado. Estávamos lá de favor, até que pudéssemos arrumar um local para ficar. Eu, ainda criança, não me liguei em toda a seriedade do problema e onde fomos morar. Só o que observei é que a família que nos acolheu tinha quatro filhos, dois meninos e duas meninas. Somados a mim e meus irmãos, éramos nove crianças em um q